Dependência química: Um guia completo para abstinência e recuperação

O tratamento de dependência química é um desafio árduo, diário e que precisa ser feito com atenção, carinho e cuidado. Ser um dependente químico é uma condição complexa não afeta somente o indivíduo, mas também seus entes queridos e a sociedade como um todo. Mas imagine se existisse um jeito seguro e eficaz para alcançar a abstinência e o controle dessa doença?

Se você ou alguém próximo está enfrentando a dependência química, este artigo é para ser um momento de esperança. Prepare-se para embarcar em uma jornada de autoconhecimento, onde estratégias validadas e um olhar acolhedor se unem para te ajudar a vencer essa luta, ok? Vamos desmistificar o tratamento da dependência química, mostrando que a recuperação é uma realidade possível e ao seu alcance. Desde a identificação dos gatilhos até as estratégias mais eficazes, este guia oferece um mapa detalhado para seu tratamento de volta à saúde e bem-estar.

Além disso, esse guia é inspirado num dos vídeos da série sobre dependência química no meu canal do youtube. Assista clicando aqui ou abaixo:

Quem é você no tratamento da dependência química?

Antes de mais nada, para iniciarmos o tratamento, é vital entendermos quem é a pessoa que começou a usar drogas e, agora, busca se recuperar. Cada indivíduo carrega uma história única, repleta de traumas, expectativas e laços que influenciam diretamente o processo de cura. Conhecer o seu perfil é o primeiro passo para um tratamento sob medida e eficaz.

  • De onde você vem? Quais são suas origens, sua história familiar e seus valores? Como sua criação moldou suas escolhas? Existem padrões familiares de uso de substâncias?
  • Quais são seus vínculos? Quem são as pessoas que te dão suporte e te inspiram? Seus amigos, familiares e parceiros são um alicerce positivo ou, de alguma forma, contribuem para o uso de substâncias?
  • Quais são seus traumas? Que experiências dolorosas marcaram sua vida e te levaram a buscar refúgio nas drogas? Já enfrentou situações de abuso, negligência ou violência? Como essas vivências impactam sua saúde mental e emocional?
  • Qual é a sua ocupação? De que maneira a dependência química afeta seu trabalho e sua vida profissional? Tem dificuldade para se concentrar, cumprir prazos ou manter boas relações com seus colegas?
  • Quais são suas expectativas com o tratamento? O que espera alcançar ao se libertar da dependência química? Deseja recuperar sua saúde, seus relacionamentos, seu emprego ou sua autoestima?

Ao refletirmos sobre essas perguntas, torna-se possível alinhar o tratamento de forma individualizada, compreendendo o que te levou a buscar uma forma de amortecer a vida por meio das drogas. Por exemplo, se perceber que o consumo de álcool está associado a eventos sociais com forte pressão do grupo, podemos desenvolver estratégias de assertividade para que possa dizer não sem se sentir excluído.

A busca por alívio: Entendendo as razões por trás do uso de substâncias

Sobretudo, é importante entender que o uso de drogas, frequentemente, é uma fuga da realidade, uma tentativa de criar um universo de fantasia para escapar das dificuldades da vida. Frequentemente, indivíduos que consomem substâncias têm dificuldade em lidar com frustrações e não dispõem de recursos emocionais para encarar os desafios cotidianos. Essa dificuldade pode estar ligada à baixa autoestima, à falta de habilidades sociais ou até mesmo a transtornos mentais não diagnosticados.

O primeiro passo para a recuperação não é focar em uma substância específica, mas sim identificar o benefício que a droga proporciona. Por mais que não seja saudável, existe sempre uma razão por trás do uso:

  • Que tipo de sensação a droga te oferece? Ela te acalma, te excita, te torna mais confiante?
  • Ela faz com que se sinta bem, mais produtivo ou te ajuda a esquecer pensamentos negativos? Por exemplo, usa cocaína para se sentir mais focado no trabalho ou maconha para relaxar após um dia estressante?
  • Ela te auxilia a alcançar um novo patamar na vida social ou profissional? Sente-se mais aceito em certos grupos ao usar drogas?

Assim, ao compreendermos o benefício que a droga oferece, podemos encontrar maneiras mais saudáveis e eficazes de atender a essas necessidades. Se a droga te ajuda a relaxar, podemos explorar técnicas de mindfulness e meditação. Se te ajuda a ser mais sociável, podemos desenvolver suas habilidades de comunicação e habilidades sociais. Tudo tem uma solução. Assim, o segredo é entendermos onde está o desafio e com uma psicóloga parceira, recarregarmos você emocionalmente e te proporcionar todos os recursos que precisa para vencer, não só as drogas, mas na vida.

O contexto familiar e a decisão de tratar a dependência química

O ambiente familiar desempenha um papel crucial no tratamento da dependência química. É importante avaliarmos se a decisão de buscar ajuda partiu do próprio indivíduo ou se foi influenciada pela família. O apoio familiar é fundamental, mas é preciso garantir que o tratamento seja uma escolha consciente e motivada pelo próprio paciente. Se a decisão foi imposta pela família, é importante trabalhar a motivação intrínseca do paciente, mostrando os benefícios que ele pode obter ao se libertar da dependência.

Portanto, família, sei que é difícil muitas vezes a gente ver a pessoa que amamos em uma descida íngreme em sua vida. Porém, é importante entender que a vida da pessoa é dela e para que ela consiga se tratar, a consciência precisa vir em primeiro lugar.

Desvendando o padrão de uso e as comorbidades

Para um tratamento eficaz, é essencial compreendermos:

  • Qual substância está sendo utilizada? Álcool, cocaína, crack, maconha, heroína, medicamentos controlados?
  • Qual é o padrão de uso? (uma, duas, três vezes por semana, diariamente, várias vezes ao dia) O uso é esporádico, regular ou compulsivo? Existe um padrão de aumento da dose ao longo do tempo (tolerância)?
  • Houve internações anteriores? Se sim, por que não foram eficientes? Qual foi a abordagem utilizada nas internações anteriores? Houve acompanhamento psicológico e psiquiátrico após a alta?

É importante ressaltar que a dependência química não se trata apenas com a internação. É preciso fortalecer a mente e o psiquê do paciente para que ele se sinta capaz de enfrentar a realidade sem o uso de substâncias. A internação pode ser necessária em casos de crise ou para desintoxicação, mas o tratamento a longo prazo requer uma abordagem mais abrangente.

A presença de comorbidades na dependência química

Além disso, é fundamental investigarmos a presença de comorbidades, ou seja, transtornos mentais que podem estar associados à dependência química, tais como:

  • Depressão: A tristeza persistente e a falta de interesse podem levar ao uso de drogas como uma forma de automedicação.
  • Ansiedade: O nervosismo excessivo e as crises de pânico podem ser aliviados temporariamente com o uso de substâncias.
  • Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): A impulsividade e a dificuldade de concentração podem aumentar a vulnerabilidade ao uso de drogas.
  • Transtornos de Impulso: A dificuldade em controlar os impulsos pode levar ao uso compulsivo de substâncias.
  • Transtornos Afetivos Bipolares: As oscilações de humor podem levar ao uso de drogas como uma forma de regular as emoções.

O tratamento da dependência química deve visar não apenas a abstinência, mas também o tratamento dessas comorbidades, que podem estar contribuindo para o uso de substâncias. Um paciente com depressão e dependência de álcool, por exemplo, precisa de um tratamento que aborde tanto a depressão quanto o alcoolismo. É uma combinação de fatores para que o paciente encontre-se no melhor estado de sua saúde mental e bem-estar.

A medicação como pilar do tratamento

A medicação desempenha um papel relevante no alívio dos sintomas de abstinência e no tratamento das comorbidades. No entanto, ela é apenas um dos pilares do tratamento. Sempre explico que o medicamento ajuda a minimizar os sintomas, mas o verdadeiro tratamento acontece na mudança de estilo de vida. Por exemplo, antidepressivos podem ajudar a regular o humor, ansiolíticos podem reduzir a ansiedade e medicamentos específicos podem ajudar a reduzir a fissura por determinadas substâncias.

Dessa forma, fica fácil entendermos a importância do uso da medicação e como cada caso é independente do outro. A medicação irá ajudar, por exemplo, o paciente em tratamento a dizer não e a tomar melhores decisões para si e para sua saúde.

Estratégias complementares para a recuperação

Ademais, para além da medicação, existem diversas estratégias complementares que podem auxiliar no processo de recuperação:

  • Fuga geográfica: Mudar para um ambiente diferente, longe dos locais de consumo de drogas. Isso pode ser especialmente útil para pessoas que vivem em áreas com alta disponibilidade de drogas ou que têm muitos amigos que usam substâncias.
  • Mudança de rota: Evitar caminhos que te levam a lugares onde você pode encontrar drogas. Se você costuma passar em frente a um bar onde sempre bebe, procure um caminho alternativo.
  • Grupos de apoio: Participar de grupos como Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos Anônimos (AA) para compartilhar experiências e receber apoio. Esses grupos oferecem um ambiente seguro e acolhedor onde você pode se conectar com outras pessoas que estão passando por situações semelhantes.
  • Psicoterapia: Buscar acompanhamento psicológico individual ou em grupo para trabalhar as questões emocionais e comportamentais relacionadas à dependência química. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia motivacional são abordagens eficazes para o tratamento da dependência química.
  • Orientações familiares: Envolver a família no processo de tratamento, buscando orientações para lidar com a codependência e criar um ambiente favorável à recuperação. A codependência é um padrão de comportamento em que os familiares se tornam excessivamente preocupados com o dependente químico, negligenciando suas próprias necessidades.
  • Mudança de contatos e agenda: Afastar-se de pessoas e situações que te incentivam ao uso de drogas. Isso pode ser difícil, mas é fundamental para evitar recaídas.

Autopercepção: A Chave para a abstinência

Frequentemente, os pacientes chegam ao consultório sem saber por que usam drogas ou qual a sensação que elas proporcionam. Apenas estão imersos dentro de seu uso e em descontrole. Por isso, é fundamental desenvolver a autopercepção, ou seja, a capacidade de observar seus próprios padrões de comportamento e identificar os gatilhos que te levam ao uso de substâncias. A autopercepção envolve a prática de atenção ao momento presente, sem julgamentos.

Recomendo aos meus pacientes escrevam sobre seus padrões de uso, buscando identificar:

  • Quais são os momentos em que a vontade de usar drogas se torna mais intensa? Por exemplo, você sente mais vontade de beber quando está sozinho em casa ou quando está em uma festa com amigos?
  • Quais são as situações, pessoas ou lugares que te levam ao consumo? Você associa o uso de drogas a determinados lugares, como bares ou casas noturnas?
  • Quais são as emoções que você busca aliviar com as drogas? Você usa drogas para lidar com a ansiedade, a tristeza, a raiva ou o tédio?

Ao observarmos nossos padrões de comportamento, podemos identificar o que está faltando em nossa vida e onde estamos falhando em nossa busca pela abstinência. Por exemplo, se você percebe que usa drogas para lidar com a solidão, pode buscar atividades sociais que te proporcionem prazer e conexão com outras pessoas. Só um exemplo, ok? Pois cada caso é um caso.

O tratamento multidisciplinar de dependência química

Como visto, o tratamento da dependência química não se resume a uma consulta médica. É um processo complexo e individualizado, que envolve um estudo detalhado da vida do paciente e um acompanhamento constante. Idealmente, a equipe multidisciplinar deve incluir um médico psiquiatra, um psicólogo, um terapeuta ocupacional e um assistente social.

O objetivo não é apenas alcançar a abstinência em um momento específico, mas sim construir um caminho de recuperação duradouro, com pedras, escorregões, choros e sofrimentos. Contudo, é fundamental que o paciente compreenda que ele não está sozinho nessa jornada. A recaída faz parte do processo de recuperação e não deve ser vista como um fracasso, mas sim como uma oportunidade de aprendizado. Faz sentido isso para você?

Busque ajuda e transforme sua vida

Se você está lutando contra a dependência química, saiba que não precisa passar por isso sozinho. Procure um atendimento especializado, busque ajuda em grupos de apoio e envolva sua família no processo de tratamento. Não hesite em pedir ajuda. A dependência química é uma doença como qualquer outra e merece ser tratada com respeito e compaixão.

Independentemente do tempo de uso, você merece um olhar individualizado, acolhedor e um tratamento eficiente. Acredite em sua capacidade de superar a dependência química e transformar sua vida! Lembre-se que a recuperação é um processo contínuo e que pode contar com o apoio de profissionais e de outras pessoas que estão passando pela mesma situação.

Por fim, lembre-se que a dependência química é uma doença complexa, mas com o tratamento adequado e o apoio necessário, é possível alcançar a abstinência e construir uma vida plena e feliz. Você não está sozinho nessa jornada e a recuperação está ao seu alcance.

Celebre cada pequena vitória e não desista de si mesmo!

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Lílian Félix - Doctoralia.com.br
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